Bakuman - Mangá



O mangá “Bakuman” terminou recentemente. Uma das obras mais interessantes que vi ou li nesses anos.
A obra dos criadores de “Death Note” conseguiu ir além do que apenas mostrar como funciona o sistema da Jump, e os bastidores da criação de um mangá. Conseguiram passar conceitos, não apenas profissionais, mas também conselhos pra vida. Claro, há elementos apenas voltados ao universo vivido especificamente pelos japoneses, como os otakus. E a série tratou isso de uma maneira muito legal.

Uma vez que meu sonho é ser um quadrinhista profissional, me identifiquei pessoalmente com vários elementos da série. Isso antes mesmo de lê-la. Eu simplesmente não tinha paciência pra baixar tudo, e agradeço de coração a um amigo que me passou boa parte dos capítulos pra eu ler. Luan, se estiver lendo isso, muito obrigado, cara. Sério mesmo.
Enfim, vamos à história. Vou tentar não ser tão sentimental.




A história começa com uma criança chamada Mashiro Moritaka, e seu tio mangaká, conhecido como Kawaguchi Tarou. Mashiro tem muito talento pra desenhar, e ganhou prêmios de arte. Porém, ele não pretende ser um artista. Quer apenas terminar o colégio, entrar numa universidade, e depois numa boa empresa. Assim, Mashiro continua sua vida normalmente, sem muitas pretensões.

Mashiro passa para seu “Mundo Especial” quando um colega  de turma, chamado Takagi acha o caderno de Mashiro, e este volta para buscá-lo. Isso seria um fato normal, se não fosse o fato de que Mashiro costumava desenhar no caderno, e desenhava apenas uma garota chamada Azuki Miho, que nutria sua paixão.
Takagi, vendo as habilidades de desenhista de Mashiro, o convida para fazerem um mangá juntos. Mashiro a início recusa, mas depois aceita. E assim começa as histórias da dupla.



Pra quem gosta de estudar quadrinhos ou simplesmente gosta de saber como são criadas as séries, “Bakuman” é um prato cheio. Referências e citações também não faltam: autores e obras são citados a todo momento, sejam essas obras e autores famosos (como Akira Toriyama, de Dragon Ball; e Osamu Tezuka) ou não (Shoutarou Ishinomori, de Kamen Rider e Kikaider. Prestem atenção em algumas poses de Niizuma Eiji, por exemplo.). Claro que isso digo por aqui, quase ninguém conhece Kamen Rider. Você vai conhecer alguns autores e obras interessantes, no mínimo.

O roteiro é muito inteligente e Tsugumi Oba sabe como narrar uma história, prendendo sua atenção. Mais que isso, uma história que realmente tem algum bom conteúdo. Os personagens são carismáticos e realistas e cada um tem características marcantes. Apenas uma época do mangá eu percebi que o roteiro ficou um pouco fraco, que não saía muito de um molde que vinha sendo repetido, mas aos poucos foi melhorando e voltando ao normal. Os arcos também são muito bem escritos (embora pessoalmente ache que os primeiros arcos foram mais marcantes que os do meio, mas isso é mais nostalgia mesmo), e exploram as possibilidades que um artista do ramo tem/poderia ter. (Devemos lembrar que é uma obra de ficção, então algumas coisas são quase impossíveis de acontecer, como o relacionamento entre o pai de Kaya e o tio de Mashiro e a mãe da Azuki. Se quiserem saber o que é, leiam, eu não vou dar spoiler.)



Os personagens de apoio também são uma atração à parte. Na maior parte, você vai sentir mais atração pelos mangakás que pelos editores (embora eu admire o editor-chefe), mas isso é normal, já que eles são mais desenvolvidos que os editores. Eles vão desde os mais exagerados (como o Hiramaru e o Eiji ["KATCHINN!! CHÁÁÁ!!"]) até os mais calmos (como Aoki Ko e Takahama). Aliás, esse é, na minha opinião, um problema. Tem muito personagem, e alguns você acaba esquecendo quem são. Você se lembra deles vagamente, mas não exatamente quem são. Quando a Iwase reapareceu, eu tive que voltar capítulos pra me lembrar quem era.

O desenho de Obata também é muito bom. Em Death Note, os personagens eram mais realistas, e a história era mais séria. Aqui, eu creio que ele teve mais liberdade, talvez até demais, pois além de fazer os desenhos dos personagens em si, ele fez alguns desenhos das séries dos mangakás, e os estilos eram bem diferentes entre si. Foi um desafio a mais, digamos assim. Os personagens são bem construídos e Obata consegue fazer tanto uma expressão séria e determinada quanto uma extremamente cartunesca. Em Death Note ele não tinha tanta liberdade e aqui ele pôde mostrar mais o que sabe fazer. (Sem desmerecer Death Note.)

Uma coisa que eu queria chamar atenção era o romance da série. Muitas vezes as histórias de romance que vemos são muito melosas, ou muito irreais. Em Bakuman, foi uma coisa linda.
Mashiro e Azuki se comunicam apenas por mensagens de texto, muito dificilmente ligam um pro outro, muito menos se encontrarem. Somente em emergências eles se veem cara-a-cara. E isso é algo muito bacana.
Mesmo que se passe muito tempo, eles vão manter a promessa de não se verem enquanto não realizarem seus sonhos. Isso é muito bonito, especialmente no arco do hospital e no arco final. Leiam e concordem comigo, é lindo, é puro. Faz lembrar a história bíblica de Jacó, que trabalhou por 7 anos na fazenda de Labão para se casar com sua filha Raquel. Labão o enganou dando a outra filha, Lia. Jacó trabalhou mais 7 anos pra se casar com Raquel. Ambas as histórias refletem um amor verdadeiro, puro, e bonito. E mais realista que muitos filmes de romance, tanto os normais quanto os “teen”. Não vou citar Crepúsculo porque a história de amor entre o Kel e refrigerante de laranja consegue ser mais interessante e profundo que aquilo. Eu diria mais maduro, até.


Recentemente, Bakuman foi lançado no Brasil pela JBC. Ainda não tive grana pra comprar (e nem achei também), mas pretendo juntar dinheiro e comprar alguns. Assim que comprar, eu venho aqui falar sobre eles. E sim, pretendo falar do anime, mas vou esperar o anime terminar finalmente.

Conclusão: Se ainda não leu Bakuman, VÁ LER AGORA. Não se arrependerá.